Publicação do GEP-inPsi articula conceitos destes importantes teóricos da Psicologia Crítica
A equipe de pesquisa do GEP-inPsi lançou um livro sobre dois importantes teóricos da Psicologia Crítica. Publicada pela Editora Dialética, a obra intitulada: “Martín-Baró & Klaus Holzkamp: um encontro necessário para a psicologia” foi escrita por Lucian Borges de Oliveira e Raquel Souza Lobo Guzzo. A proposta é realizar um diálogo entre as produções teóricas destes autores, articulando conceitos como fatalismo, de Ignácio Martín-Baró, e capacidade de ação, de Klaus Holzkamp.
O livro parte da tese de doutorado de Lucian, com o título “Martín-Baró & Klaus Holzkamp: Fatalismo e Capacidade de Ação”, defendida em 2020, na PUC-Campinas, pelo GEP-InPsi, do programa de Pós-Graduação em Psicologia. Tal pesquisa engloba um corpo teórico para a Psicologia que se pretende crítica e emancipatória.
A Psicologia Crítica para o enfrentamento das opressões sociais
Compreendendo um contexto social marcado por explorações e expressões do capitalismo, os autores do livro recém-lançado se dedicaram a instaurar um diálogo necessário para a práxis da Psicologia. Essa ciência marcada por divisões e desencontros teóricos, metodológicos, políticos e éticos cumpre, tradicionalmente, um papel de justificar as desigualdades sociais pelo viés das diferenças individuais. O livro aborda os motivos pelos quais é necessária a construção de uma Psicologia crítica e emancipatória.
“Deste modo, o presente trabalho anuncia um chamado para a Psicologia Crítica Marxista: o de ter como horizonte a busca por pôr fim às opressões dos diferentes grupos sociais”.
– Oliveira & Guzzo, 2022, p. 81
Nesse sentido, a referida produção pretende contribuir para a construção de um corpo teórico para o enfrentamento dos sofrimentos ético-políticos emergentes das expressões do capitalismo em uma sociedade marcada pela desigualdade e violência como a da América-Latina. Assim se contribui para a composição de um olhar crítico que a Psicologia, nas últimas décadas, busca lançar sobre a sua própria história.
“Martín-Baró (2017a) diz que é preciso abandonar a compreensão estereotipada do Fatalismo em favor de uma compreensão do Fatalismo como atitude síntese de três dimensões: a da impossibilidade de mudança, da internalização da dominação social e do seu caráter ideológico”.
– Oliveira & Guzzo, 2022, p. 58
Partindo da concepção de unidade dialética nos conceitos de fatalismo e capacidade de ação, é realizada uma elaboração teórica que busca estabelecer um sistema de oposição-superação, tornando possível a atuação da Psicologia nas demandas sociais de forma crítica e emancipatória.
“O par conceitual “capacidade restritiva de ação” e “capacidade generalizada de ação” são medidas pelas razões, fundamentos ou motivos subjetivos. O que as diferencia é o nível e o tipo das mediações. A capacidade generalizada de ação aponta para a ampliação do controle sobre as próprias condições da vida. Já a capacidade de ação restritiva se limita a possibilidades de ação já existentes, não promovendo a ampliação do controle sobre as próprias condições de vida, e se firmando, assim, dentro das relações de poder existentes, sem superá-las”.
– Oliveira & Guzzo, 2022, p. 59
Com considerações acerca do método, contexto sócio-histórico, conceituações e sínteses cirúrgicas, o texto produzido neste livro provoca uma leitura necessária para os tempos atuais.